Registro histórico: as primeiras pesquisadoras

08/03/2019 16:21

Os estudos sobre a escola e os processos de ensino-aprendizagem se intensificam nos anos de 1990 concomitante à expansão dos programas de pós-graduação no Brasil e do crescimento das universidades públicas. Nesse período, tem início a política de educação inclusiva, o que culmina com a reivindicação da comunidade surda pela mediação de intérpretes de Libras também na esfera educacional. Nesse contexto deu-se início o trabalho de pesquisa sobre os intérpretes educacionais.

As primeiras tentativas no Brasil em analisar o funcionamento da interpretação escolar vieram de diferentes programas de pós-graduação, interdisciplinarmente culminado no contexto escolar. Damos destaque às pessoas, às pesquisadoras com nome e história de vida peculiar na área da educação de surdos que proporcionaram a oportunidade de um conjunto de pesquisas acontecerem… foram mulheres que teceram um texto, que alinhavaram discursos, que interpretaram emaranhados da política e construíram um bordado que pouco a pouco revelaram os pontos da educação inclusiva, da mediação pedagógica com intérpretes educacionais.

“[…] O bordado não é mágico, ele se faz com/pelo trabalho, nos acontecimentos, no tempo, preenchendo os espaços já riscados na tela virgem e/ou aventurando-se na tela em riscados (e riscos) outros. Assim vamos nos incluindo em nossas relações de trabalho, resistindo às pressões a que somos submetidos no nosso dia-a-dia. Jogamos com as artimanhas da tela, blefamos, como os jogadores, fingimos como os poetas, ocupamos espaços, delineamos ou destecemos fronteiras, introduzimos novos pontos no bordado, suprimimos outros, revemos planos, misturamos cores e fios…Tecendo, destecendo, constituímo-nos como professoras.” (Fontana, 2000, p. 175).